Presença feminina no AmazonFACE inspira mulheres cientistas

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Presenca feminina no AmazonFACE
Da direita para a esquerda: Izabela, Laynara, Sabrina e Flávia, todas pesquisadoras do AmazonFACE. Crédito: Arquivo pessoal

Maria Clara Guimarães, do AmazonFACE

O relatório lançado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), da ONU (Organização das Nações Unidas), em março de 2023, traz um novo indicador que aponta uma diferença maior do que se previa entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Na ciência não é diferente. Ações e políticas afirmativas são necessárias para atrair mulheres para a atividade, de acordo com as cientistas mulheres do programa AmazonFACE.

Na  COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que aconteceu em 2021, foi mostrado que as mulheres são mais pobres em dinheiro e em tempo, já que são encarregadas do trabalho familiar não remunerado, o que as torna mais vulneráveis. Os grupos considerados vulneráveis são os mais afetados pelas mudanças climáticas, já que moram em locais de mais risco. As mulheres também são as chefes da família e dependem mais dos padrões da natureza para atividades como a agricultura, por exemplo, como aponta o documento IPCC (International Panel of Climate Change). Ações e políticas de adaptação e mitigação da crise climática são mais urgentes para esses grupos.

Sabrina Garcia em campo. Foto: João M. Rosa
Sabrina Garcia em campo. Foto: João M. Rosa

Sabrina Garcia, gerente científica do programa AmazonFACE, lembra o exemplo da família de uma ex-colega de mestrado chefiada pela mãe. “Devido ao aumento da intensidade dos eventos de cheia e do tempo que duravam as cheias, elas perderam a terra”, conta. O desenvolvimento de pesquisa científica na região é uma forma de empoderar mulheres, não só as cientistas, mas as outras próximas a elas, afirma Garcia, já que pode solucionar problemas como esses.

Para a pesquisadora Izabela Aleixo, pós-doutoranda do programa, também é importante que a ciência seja feita por mulheres, porque elas podem ter um olhar mais voltado para o desenvolvimento de iniciativas que tentem reduzir problemas que afetam outras mulheres. “A ciência que envolve as mulheres e combate a desigualdade de gênero, bem como toda e qualquer desigualdade, está mais apta e preparada para lidar com a realidade e a complexidade dos problemas atuais, como o desafio das mudanças climáticas”, explica.

Izabela Aleixo em campo 8/12/22. Crédito: Arquivo pessoal

Inspiração

O programa AmazonFACE tem quatro pós-doutorandas, todas mulheres. “Na graduação tinha poucas referências femininas”, diz Flávia Santana, uma das estudantes. Amanda Damasceno (mestre e técnica de pesquisa) e Aleixo consideram importante ter exemplos femininos no ambiente de trabalho. “Estar em um grupo com muitas mulheres é importante para o nosso crescimento pessoal e profissional, posso dar exemplos de mulheres que inspiram em cada lugar aqui dentro do AmazonFACE”, diz Damasceno.

Para Maíra Padgurschi, pós-doutora pelo programa, o diálogo aberto com as integrantes do programa permite que elas conversem mais abertamente sobre problemas a serem resolvidos. “Nos dá mais empoderamento para falar, sinto mais liberdade”, comenta. Padgurschi e suas colegas fazem muitas trocas com Garcia, que ocupa um cargo importante no programa AmazonFACE. Ao longo de sua carreira, Garcia já presenciou condutas machistas no ambiente de trabalho acadêmico. “Temos que adaptar o ambiente e não as mulheres”, afirma. “Não vamos mudar nossa conduta por causa de outras pessoas.”

Padgurschi acredita que é necessário criar boas práticas para garantir a equidade de gênero e a permanência de mulheres na academia, como a cartilha formulada pela Rede de Mulheres Acadêmicas da Unicamp. No programa AmazonFACE, há uma preocupação coletiva no sentido de incentivar mais mulheres a compor a equipe, e incentivar até mesmo financeiramente para que elas fiquem.

Maíra Padgurschi na torre de monitoramento. Crédito: Arquivo pessoal

Aleixo, que é mãe, é uma das que mais sente as práticas de incentivo no seu cotidiano. Seu filho Pedro, 9, sempre que necessário, pode estar no ambiente de trabalho. “Ter uma comunidade com um olhar sensível às mulheres e às mães é muito importante para a continuidade na vida acadêmica”, comenta. “Se não fosse isso eu não estaria aqui”, completa.

Sabrina Garcia, Amanda Damasceno e Izabela Aleixo em campo. Crédito: Arquivo pessoal

Alguns dados sobre a equipe AmazonFACE do eixo Manaus-Campinas

  • Os quatro pós-doutorandos são mulheres
  • Dos onze doutorandos, seis são mulheres e duas delas amazônidas
  • São cinco mestrandos, quatro mulheres e duas amazônidas
  • Os técnicos de pesquisa são seis, três mulheres e as três são amazônidas

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