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Equipe da Unicamp cria algoritmo para projetar futuro da Amazônia

Imagem derivada da aplicação de informações no CAETÊ. Crédito: Reprodução/AmazonFACE

Maria Clara Guimarães, do AmazonFACE

Algoritmos que fazem previsões sobre a interação entre os organismos e o meio-ambiente são chamados de modelos ecossistêmicos. Um grupo de cientistas da Unicamp desenvolveu um desses programas de computador com uma quantidade maior e mais variada de dados, com foco em como a vegetação absorve o carbono da atmosfera e o estoca nas folhas, tronco e raízes. Como sua forma de programação permite a entrada de muito mais dados, pode simular com mais acurácia o chamado “ponto de não retorno” da Floresta Amazônica, que é o momento em que a vegetação natural não consegue mais se recuperar. 

O modelo foi chamado de CAETÊ, que é uma sigla para Carbon and Ecosystem functional Trait Evaluation Model (Modelo de avaliação de características funcionais de carbono e ecossistema, em tradução livre). A palavra também significa “mata virgem” em Tupi. O programa considera uma gama muito maior de dados sobre a vegetação, buscando representar a diversidade de plantas encontrada na Amazônia, e é capaz de simular melhor sua distribuição  e as estratégias de adaptação às mudanças no clima.

Equações matemáticas que simulam os fenômenos da natureza são alimentadas por dados de condições ambientais, como chuva, incidência solar, níveis de CO2, etc. Com essas informações, o algoritmo responde, por exemplo, qual poderá ser a taxa de fotossíntese naquelas condições, ou onde a planta estocará mais carbono, nas raízes, folhas ou tronco. Esse tipo de informação é importante porque determina a quantidade de carbono que a floresta pode armazenar – se a Amazônia reduzir essa capacidade, as mudanças climáticas podem se agravar. O modelo demonstrou bom desempenho em representar o estoque de carbono na floresta amazônica quando comparado a dados de satélite da mesma região e condições climáticas atuais .

Ao aplicar no algoritmo uma taxa de chuvas 50% menor que hoje, as características de funcionamento das plantas se tornaram mais diversas do que com o clima regular. “Quando a gente pensa em aumento de diversidade, pensamos em algo positivo, mas essa modificação não é de diversidade de espécies plantas, mas de diversidade de estratégias de vida das plantas, e isso pode levar a uma mudança muito drástica na vegetação”, diz Bianca Rius, doutoranda do LabTerra (Laboratório de Ciência do Sistema Terrestre), da Unicamp, e uma das desenvolvedoras do algoritmo.

As estratégias de sobrevivência e continuidade da espécie foram múltiplas, o que pode levar àquela vegetação mudar tanto que perderia sua característica original. Em março, a equipe publicou o artigo “Higher functional diversity improves modelings of Amazon forest carbon storage” (“Mais diversidade funcional melhora modelagem do estoque de carbono da Floresta Amazônica”, em tradução livre) na revista científica Ecological Modelling sobre essa diversidade.

As projeções do CAETÊ são baseadas nas estratégias que os indivíduos (plantas) da comunidade adotam para lidar com as condições ambientais. É possível fazer o caminho inverso: saber não só como o ambiente afeta as plantas, mas como as estratégias adotadas pelas plantas afetam o meio-ambiente. Programas desse tipo são fundamentais para entender o que pode acontecer com as espécies usadas cotidianamente por moradores da floresta. Outro experimento possível de ser feito com o CAETÊ é explorar se as mudanças climáticas projetadas pelo IPCC podem ser capazes de mudar a vegetação a ponto das plantas mudarem suas características e seu valor utilitário.

O risco que se corre com modelos que consideram menor diversidade de estratégias de vida das plantas para simular a Floresta Amazônica é uma generalização que pode indicar a transformação da floresta em savana, por exemplo – há uma superestimativa dos efeitos. Com mais estratégias possíveis adicionadas ao algoritmo, é possível chegar mais próximo da realidade de uma floresta hiperdiversa como a Amazônia. A tese de savanização da floresta foi uma hipótese gerada através de um modelo ecossistêmico que considerava muito menos tipos de estratégias ou funções que as plantas adotam. “Além do problema de superestimar os efeitos, isso também impede que a gente entenda a relação que a diversidade tem com o funcionamento ecossistêmico”, explica Rius. 

O modelo CAETÊ começou a ser criado em 2015 baseado no modelo CPTEC-PVM2. David Lapola, orientador de Rius e coordenador do programa AmazonFACE, foi um dos cientistas envolvidos no desenvolvimento do modelo ecossistêmico que serviu de base para o CAETÊ. O trabalho da doutoranda faz parte da quinta componente de trabalho do programa, a de Integração Modelagem-Experimento. Dentro desse objetivo de trabalho, a equipe busca entender como os dados do experimento e os dados do modelo ecossistêmico se assemelham e se diferenciam a fim de aprimorar o algoritmo. Com esses programas é possível traçar as hipóteses a serem testadas com o experimento de enriquecimento de gás carbônico na Floresta Amazônica. 

O modelo CAETÊ está disponível no repositório da Unicamp para quem tem interesse na área “O desenvolvimento do modelo é um processo que é muito dependente da interação e cooperação entre cientistas”, diz Rius. O CAETÊ pode ser aplicado para qualquer região do mundo.

Contato para imprensa: afacecom@unicamp.br

AmazonFACE faz pré-inauguração de sítio experimental para testar resiliência da floresta amazônica à mudança climática

Numa área de pesquisa a cerca de 70 quilômetros em linha reta ao norte de Manaus, o programa experimental de grande porte que medirá os impactos da mudança climática na floresta Amazônica dá um passo decisivo na construção da sua infraestrutura. As bases de concreto ganham forma no chão da floresta para receber torres de alumínio autoportantes e guindastes no modelo grua. O equipamento para içar e mover objetos dará acesso ilimitado dos cientistas ao topo das árvores em seu estado natural, abrindo outras possibilidades de pesquisa sobre os ciclos de carbono. Hoje, o uso de gruas permanentes para estudos no dossel de florestas tropicais é utilizado apenas no Panamá.

Leia o texto completo sobre o programa AmazonFACE no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

AmazonFace – a primeira torre

Como as mudanças climáticas afetam a maior floresta tropical do mundo? Para responder essa questão, cientistas ingleses e brasileiros, entre eles pesquisadores da Unicamp, criaram o projeto internacional AmazonFace. O projeto prevê a instalação de 32 torres que devem injetar gás carbônico em uma área da floresta amazônica já madura. Os impactos da exposição da floresta à concentração de CO2 serão medidos pela equipe do projeto. O documentário “AmazonFACE – a primeira torre” apresenta uma das etapas fundamentais do experimento, realizada na empresa fabricante das torres, em Campinas. O programa de pesquisa internacional é coordenado por David Lapola, do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp, e Carlos Alberto Quesada, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia).

Este vídeo está disponível com legendas em inglês no canal da Embaixada Britânica no Brasil – https://www.youtube.com/watch?v=P2G4hAUlBIA

Ecólogo David Lapola comenta lacunas científicas sobre conservação, captura de carbono, emissões por degradação florestal e adaptação

Por Leandro Magrini

O ecólogo e meteorologista David Lapola pesquisa há quase duas décadas o tema das mudanças climáticas e a questão do tipping point da Amazônia – “ponto de não-retorno” ou “ponto irreversível”. Doutor pelo Instituto Max Planck de Meteorologia da Alemanha, onde investigou a questão de modelagem de desmatamento e mudança climática, tem como interesses de estudo os impactos de mudanças climáticas na Amazônia – não só na floresta, mas também sua reverberação sobre sistemas humanos. Neste ano David completou 20 anos do início de suas pesquisas na Amazônia, comemorados durante uma excursão científica com parte de seu grupo para iniciar um novo estudo em regiões que ainda desconhecia – como o extremo oeste da Amazônia brasileira, já próxima da fronteira com Peru e Colômbia.

Leia o texto completo sobre o programa AmazonFACE na Revista Comciência

Torres de 35m no meio da Amazônia vão medir estragos da crise climática

Saber como a Amazônia vai responder futuramente às mudanças climáticas provocadas pelo aumento de dióxido de carbono (CO2 ou gás carbônico) é uma das maiores questões que estudiosos do tema buscam resolver nas últimas décadas. Recentemente, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) deram um importante passo para a execução de um experimento que pretende preencher essa lacuna científica.

Leia o texto completo sobre o programa AmazonFACE na Época Negócios.

Experimento que simula futuro da Amazônia começa a tomar forma

Por Rafael Garcia — São Paulo

A capacidade da Amazônia de reagir à mudança climática depende de muitas incógnitas, e uma delas diz respeito à fertilização de carbono, ou seja, a possibilidade de árvores absorverem CO2 mais rápido à medida que a concentração desse gás aumenta na atmosfera. Para saber se isso vai realmente ocorrer, cientistas estão montando um dos maiores experimentos já realizados na região, o Amazon Face.

Leia reportagem completa sobre o programa AmazonFACE em O Globo.

No dia da Amazônia, conheça os investimentos do MCTI na região

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) comemora junto com o país neste dia 5 de setembro o Dia da Amazônia.   A maior floresta do mundo passa por 8 países (Brasil, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador) e a Guiana Francesa, tem sua maior parte no território brasileiro, e está presente nos estados do Amazonas, Amapá, Rondônia, Acre, Pará e Roraima.

Leia reportagem completa sobre o programa AmazonFACE em Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

Torre do projeto AmazonFACE é montada em simulação

A primeira torre do AmazonFACE, experimento de fertilização por gás carbônico, passou pelo primeiro processo de montagem nesta quinta-feira, 25 de agosto, na empresa fabricante, em Campinas. O programa de pesquisa internacional, coordenado por David Lapola, do Cepagri da Unicamp e Carlos Alberto Quesada, do INPA, Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia, vai investigar de que modo as mudanças climáticas afetam a floresta Amazônica.

Maior experimento sobre mudanças climáticas em florestas tropicais conclui teste de montagem da 1ª torre

A montagem da primeira torre do AmazonFACE foi concluída nesta sexta-feira (26/8), em Campinas (SP). A etapa é fundamental para avaliação do projeto de engenharia do experimento.

O AmazonFACE é um programa de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) com cooperação internacional que tem o objetivo de investigar como o aumento de gás carbônico atmosférico afetará a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, sua biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que fornece à humanidade.

De acordo com os pesquisadores que lideram o projeto, o AmazonFACE é um experimento de fertilização (enriquecimento) por gás carbônico (CO2) ao ar livre na Amazônia e o primeiro desse tipo em qualquer floresta tropical. O projeto é liderado por pesquisadores do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e  do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), unidade de pesquisa do MCTI.

Leia reportagem completa sobre o programa AmazomFACE em Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.